quarta-feira, 16 de outubro de 2013

FREUD EXPLICA ?!?!

Tem gente que não aceita consultar um psicólogo, simplesmente pra não passar recibo de doido ou no mínimo desequilibrado. Tem outros que pensam ser perda de tempo.
Na minha opinião, o psicólogo é um profissional como tantos outros da área de saúde (médico, enfermeiro, fonoaudióloga, etc.), e sendo assim, existem bons profissionais e não tão bons assim.

Quando falo em psicólogo, sempre faço um link com fatos e objetos críveis e incríveis. Me vem à memória coisas como:

1) Um senhor de meia idade, que não fala nada, só ouve, numa sala com um divã e uma música bem suave;
2) Do personagem "O Analista de Bagé", livro escrito por Luís Fernando Veríssimo, em que o personagem tem um comportamento pouco enquadrado dentro da profissão. Exemplo: Quando o cliente chega reclamando de depressão porquê o dia está nublado, ou porquê queria comprar um carro novo mais moderno e não conseguiu,  ele usa a técnica do "joelhaço" (consiste em dar uma joelhada no baixo ventre do paciente pra ele perceber que existem coisas mais doloridas pra se preocupar). Como ele próprio diz: "Gaúcho que é gaúcho tem de ser macho, tchê! Larga essas frescuras de lado e se abanque, no mas!"
3) De uma música cantada pelo Rei da Jovem Guarda, Roberto Carlos, intitulada "O Divã", em que uma parte da letra diz: "Eu venho aqui me deito e falo, pra você que só me escuta, não entende a minha luta, Afinal de que me queixo? São problemas superados! Na estrofe ele arremata: Essas recordações me marcam! Por isso eu venho aqui.

Talvez alguns não saibam, mas tenho duas psicólogas na família: Silvia Félix (sobrinha) e Jordanna Rosendo (nora e filha do coração), ambas bem satisfeitas com sua profissão e muito competentes no que fazem. São pessoas a quem recorro, não pra me consultar, pois como as próprias dizem: O profissional não deve ter laços familiares com o paciente. Mas pra conhecer um pouco as ferramentas que são utilizadas durante as terapias.

Na minha patologia, a Doença de Parkinson, ou simplesmente DP,  a atuação de um psicólogo é fundamental, assim como a Fonoaudióloga, o Fisioterapeuta, O Terapeuta Ocupacional, etc. Também é importante o convívio social para trocar situações vivenciadas, coisa que faço dentro da ASP-PE, que foi um oásis quando o deserto da minha existência depois do diagnóstico parecia inóspito e interminável. E quando vivenciamos situações de outros pacientes é que nós conseguimos medir  em que patamar estamos: enquanto alguns dizem "eu vou vencer essa doença!", tem outros que desistem de lutar e se entregam e outros ainda pior, falam em suicídio. Eu sempre uso a metáfora que o Parkisoniano é um náufrago, no meio do mar, com uma bola de ferro amarrada no pé, ou seja, se parar de nadar o indivíduo afunda.

Durante a minha jornada de descobertas, me consultei com três psicólogos: O primeiro (que não citarei o nome por questões éticas) foi logo me enquadrando: "Esse horário está separado para você, mas se chegar atrasado fica com parte do tempo e se não chegar, paga da mesma forma" ou ainda "Aqui dentro da sala você pode me falar sobre qualquer assunto, mas se nos encontrarmos na rua fica na sua opção me cumprimentar ou fingir que não me conhece, pois nós temos uma relação apenas profissional". E assim começamos, entre erros e acertos de ambas as partes. Nosso "relacionamento profissional" emperrava em algumas posturas de opiniões opostas, até um dia eu cometi o "sacrilégio" de fazer uma pergunta, quando o mesmo me respondeu que não estávamos falando dele, mas de mim. Daí pensei, como posso falar de filhos com uma pessoa que não os tem, mas conhece  o sentimento (conhece de onde??? Dos livros???) Depois desse dia eu pedi pra encerrar a terapia e parti pra outra.

Fiquei algum tempo sem terapia e também desiludido com os resultados do trabalho, até um dia que decidi procurar no meu plano de saúde algum profisional que entendesse também de pacientes com problemas neurológicos. Me foi indicada uma psicóloga (que também não vou denominar), entrei em contato primeiro por telefone, foi quando a mesma me disse que eu devia ir ao seu consultório pra gente "conversar", e assim cheguei ao local. Após me ouvir detalhadamente a minha necessidade, a psicóloga me explicou que não era bem esse tipo de patologia que ela trabalhava, mas podia indicar uma amiga. Ao encerrar ela falou que podia passar na recepção e deixar o pagamento com a secretária (e não era só uma conversa???). Foi a conversa mais cara da minha vida!

Mas não desisti! Liguei pra outras, mas sempre perguntando se trabalhava com a patologia DP, pra não cair na mesma situação. Até que encontrei uma que me garantiu trabalhar com Parkinsonianos, e que eu aguardasse um contato para agendarmos o começo da terapia. As horas passavam, os dias passavam, as semanas passavam e nada de retorno, daí pensei: Será que me esqueceu??/ Então resolvi insistir. Foi assim que marcamos uma terça feira à tarde (Ufa!!).

A clínica, localizada no bucólico Bairro das Graças, relembra um pouco dos anos 70 (era dos hippies), porque trabalha também com yoga, aromaterapia e outras técnicas, além de ter um ambiente onde prevalece flores e árvores na decoração. Foi nesse ambiente que conheci a psicóloga Ana Paula Branco (postagem de nome autorizada), começamos a terapia, mesmo com o meu freio de mão puxado e sem me expor muito no começo. De olhar calmo e conversa envolvente, foi me arrancando exatamente aquilo que queria saber. Sem entender direito aonde isso iria chegar, recorri às minhas "assessoras" para assuntos psicológicos, que me explicaram em linhas gerais ser isso uma técnica utilizada para que o próprio indivíduo se encontre nas suas palavras. É como se reconhecer olhando num espelho, acho eu.

Essa figura com ares de sargentona (mais uma na minha lista), é na verdade uma mãezona, que sempre tem uma palavra terna para aplacar a aridez do nosso deserto de conflitos. O fator decisivo para miha continuação até o presente momento, aconteceu no dia em que deixei o plano de saúde anterior (que naufragava) e o novo plano não tinha essa profissional em seu cadastro. Tentamos (eu, minha esposa Maria e Ana Paula) incluí-la no novo cadastro, porém não obtivemos sucesso. Ela virou-se pra mim e falou: De um jeito ou de outro eu vou  continuar lhe atendendo, porque me interessa o seu caso! Aí me veio à cabeça: Essa é das minhas! Trabalha não só pelo dinheiro - que é justo - mas pelo desafio que se impõe e pelo amor à profissão. Daí por diante ficou mais fácil caminhar-mos juntos! Ao lado de uma profissional competente e que lhe passa segurança, e acima de tudo é parceira.

Pra finalizar, continuo afirmando a necessidade de profissionais como essas, que funcionam como voz da nossa consciência.

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